quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sobre uma frase do Marcelo Camelo

Quando começo a ler um livro sempre tenho planos de resenhá-lo, destacar os trechos mais interessantes e pontuar as qualidades do texto. Planos... Assim como os planos de publicar as tais resenhas - com freqüência! - no blog. Ler mais, produzir mais, ser mais... e, vejam só, acabo sempre por escrever de um inesperado impulso, sem muita organização. E nada sobre o que eu tinha planejado.
Impressionante como isso “funciona”. 

Uma coisa lembra a outra. Um assunto leva a outro.

Lembrei nesse instante da minha última conversa por telefone com o Cauby. Citei uma frase do Marcelo Camelo, concedida ao GLOBO: “fazer arte é exercitar aquilo em nós que apreende informação mais até do que aquilo em nós que cria informação”. Clap, clap! Concordarmos, Cauby e eu.

Conceber algo é difícil. Criar, criar, criar. Todo artista parece querer ser um Deus. Ou se não quer, isso lhe parece ser exigido... E disso, já falei em texto anterior sobre a exigência de “originalidade” artística. (ler aqui)

Pois bem, penso que: de qualquer coisa que se faça nesse mundo, sobretudo quando se trata de arte, o resultado nasce de um processo que deve pertencer ao "fazedor" há algum tempo. No caso dos artistas, há sempre algo ruminando à espera de uma digestão intuitiva... não foi de um dia para outro que Liniers criou Macanudo, ou que Vicente Cecim criou Andara. As histórias podem ter surgido de um dia para o outro, expressas. Mas antes, por um tempo indeterminado, foram idéias disformes...

Para chegar em fim à “criação”, é preciso apreender, capturar, observar, registrar, transformar... figurar...  imaginar... recriar... e tantos outros verbos que possibilitem a liberdade sobre o fazer às coisas...
Fazer às coisas! Sim! Como disse Marcelo Camelo, o artista apreende... e depois devolve ao mundo, numa espécie de contribuição... como se dissesse: “foi assim que eu vi, que eu interpretei... senti... vivi...”.

As palavras poéticas também são uma forma de desvelar o mundo (seja o mundo criado, ou recriado).
   
-

Termino esse texto um pouco frustrada. Há algo ruminando em mim, algo que quero dizer mas que ainda não encontrei nas palavras... como não se trata de arte, digo que estou a espera de uma digestão conceitual, rs. 
Talvez os comentários me ajudem. 
Melhor publicar um pensamento pela metade, do que não publicar nenhum... caso contrário, todos os meus pensamentos se perderiam.

2 comentários:

Felipe disse...

"Melhor publicar um pensamento pela metade, do que não publicar nenhum... caso contrário, todos os meus pensamentos se perderiam."

Tem uma tirinha do Liniers que é uma mulher dizendo pra um cara que ele nunca termina o que começa, aí de um quadro pro outro o desenho vai ficando cada vez mais "tosco" até que no último quadro só tem alguns rabiscos. Sei que não tô explicando NADA mas acho que essa tirinha exemplifica perfeitamente essa tua última frase do texto: é bom lembrar como o Ímpeto também é essencial.

Mariana disse...

HAHAHA, tá aqui oh:
http://maisumamari.tumblr.com/post/2156280850/e-sempre-assim

:)