terça-feira, 27 de agosto de 2013

Beatles'n'Choro

Segue o link com o volume 1


O interessante desse projeto, é que consegue resgatar a música em si mesma, sem valorizar as letras das canções ou a voz dos Beatles. O arranjo fica bem brasileiro, sem perder a referência. É uma bela transposição. O repertório é a coisa mais linda e tocante. Até mesmo para os não tão fãs da banda de Liverpool. 

Uma pena não estar mais disponível a venda nas lojas, nem por encomenda na Produtora.
Google abençoe o Youtube! Seu dia pode estar a salvo:


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

1000 quadros, narrativa coletiva

Rafael Sica 'tá com um novo projeto, junto com Rafael Coutinho. Foram 24h construindo uma narrativa em quadrinhos, 1000 quadrinhos!
A história não tem linearidade. A proposta é justamente essa. Cada quadro está à venda por r$10 no site da Narval e, conforme as compras, os quadros são divulgados e é então que se define a ordem da narrativa.
Bem legal, né?


{ Como 'tá ficando essa história coletiva?}

Para conhecer mais sobre o trabalho do Rafael Sica, sugiro uma fuçada no blog dele. Foi daí que ele publicou o livro "Ordinário", depois de lançar os quadrinhos na internet. { http://rafaelsica.zip.net/ }
Ele tem um livro novo, "Tobogã", recém lançado e por mim ainda não lido.
Gosto bastante dos desenhos dele: meio nonsense, tem uma atmosfera sobre o fantástico e com um lado poético voltado paro o urbano... além disso, ele não trabalha com texto verbal.

Já o Rafael Coutinho é filho do Laerte e co-autor de "Cachalote", livro assinado também pelo Daniel Galera.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Autógrafos do Ferreira Gullar

Ferreira Gullar esteve semana passada [01/08] na Livraria da Travessa para um bate-papo no auditório. O evento foi motivado por conta do último lançamento do poeta, o livro "A menina Claudia e o Rinoceronte", publicado pela Ed. José Olympio.

 

Os motivos que me levam a escrever esse texto são dois: primeiro, o fato e o registro de ter conseguido autografar meu livros {YEAH} ! Segundo, comentar a respeito das perguntas incabíveis direcionadas ao autor...
Gullar é extremamente crítico. Não só crítico de arte, mas do mundo. Ok, isto até justifica a curiosidade exagerada sobre a opinião do autor... Mas também não quer dizer que ele tenha que responder sobre política num evento sobre seu mais novo livro, voltado para o público infantil.
Na ocasião, criou-se um outro contexto exatamente assim:  "Gullar, e a comissão da verdade?"; "Gullar, o que você acha das manifestações?".

Eu não tive muitas oportunidades de me encontrar com escritores. Obviamente, gostaria de saber o que pensam sobre o mundo. Mas sou contra desvirtuar um evento sobre determinado livro, determinado autor, para focar em assuntos extraliterários, para acessar um discurso de alguém de maior "categoria" e tomar, talvez, para si, esse discurso. Poderiam ter perguntando tanta coisa, tanta sobre literatura...

Ferreira Gullar é desses poetas cheio de vertentes. Ele já escreveu de tudo sobre tudo. E tem uma grandeza tal qual Drummond, e melhor: ainda está vivo. Por que não se aproveitar disso? De fazer uma revisão sobre seus poemas antigos, já que seus livros estão sendo reeditados... Por que não comentar sobre essa ilustre capacidade que esse escritor tem de circular pela crônica poética, pela crônica de jornal, pela arte da colagem, etc, etc, etc.

De lembrança ligeira para esse texto, três poemas surgem, três poemas diferentes que eu gostaria de compartilhar com vocês e que mexeram comigo muito mais na releitura deles, em outras fases da minha vida, do que quando no primeiro contato:

O primeiro poema escolhido, conheci na escola, mas só na faculdade, ou dando aulas, compreendi que ele pode ser um dos principais emblemas do que projetava a poesia moderna brasileira. Antes, eu achava engraçada a dicção do eu-lírico que não fazia metáforas... Hoje ele me transparece, por além do questionamento sobre a função da poesia para a sociedade, como uma forma de entender o próprio fazer poético de Gullar, que se "espanta" (como ele mesmo diz) com coisas cotidianas e talvez óbvias.

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

O segundo poema escolhido, li também quando era bem mais nova... e continua representando bem a minha vontade de traduzir quem sou - meio barroca, meio indecisa (será? rs), meio a meio por inteira... o poema, não por menos, é intitulado "Traduzir-se" e até hoje quando o leio, sinto a mesma sensação "essa sou eu, sou eu, sou eeeeu"... e o fato de sentir que esse poema é meu, que é para mim, mesmo depois de tanto tempo, também faz essa releitura muito significativa.

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Por fim, fecho com o poema "Ao rés do chão", pois quando voltei ao livro "Na vertigem do dia", abri nessa página e me lembrou a viagem que fiz para Buenos Aires, os motivos que me levaram até lá... e, principalmente, há uma identificação por minha parte com esse sentimento de estar "fora do ângulo como um objeto que respira" (sentimento permanente) e esse verso {em negrito e sublinhado} que eu tatuaria em mim por significar qualquer coisa e todas as coisas, e essa coisa em mim, esse universo.

Sobre a cômoda em Buenos Aires
o espelho reflete o vidro de água de colônia
Avant la Fête (antes,
muito antes da festa), reflete
o vidro de Supradyn, um tubo
de esparadrapo,
a parede em frente, uma parte do teto.
Não me reflete a mim
deitado fora do ângulo como um objeto que respira.
Os barulhos da rua
não penetram este universo de coisas silenciosas.
Nos quartos vazios
na sala vazia na cozinha
vazia
os objetos (que não se amam),
uns de costas para os outros.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Abril encerra revista BRAVO! ????



Ontem à tarde entrei numa banca de revista e fiquei iluminada pela BRAVO!. O motivo da capa é exatamente o motivo das minhas duas últimas aulas. Só não comprei a revista porque não tinha um tostão furado no bolso, e o revisteiro old school não tinha a máquina de débito/crédito.
Chegando em casa, coloquei uma edicção antiga (nº173) sobre a mesa e o notebook, numa espécie de exercício memorial "amanhã não posso esquecer de comprar"...
Decidi abrir a internet.
De link em link, PÁ: fim da revista BRAVO! A Editora Abril teria enviado um comunicado aos funcionários dia 31/08... mas, ainda não rolou nenhum aviso oficial aos leitores, apesar da previsão de que este seria dado ontem (01/08).

Estou desolada.
E muito arrependida de não ter comprado todas as edições.
Estou me corroendo.

Quem me conhece sabe que sempre defendi a revista, desde quando residia em Belém. Sou apaixonada pela diagramação e pelo fato dela ser uma revista estritamente cultural. Mesmo sendo restrita ao eixo Rio - São Paulo. 
Aprendi muita coisa ali. Matei minha curiosidade várias vezes e despertei outras lendo as sessões, colunas, indicações de programação, entrevistas, e etc, que sempre se apresentaram bem escritas e pertinentes, com conteúdos voltados para a erudição, para o pop, para o clássico e o novo... tudo junto. Era a mais íntima e mínima porta de diálogo sobre arte e cultura no meio impresso brasileiro. E digo "mínima" quer seja pelo caráter elitista, quer seja pelo teor editorial... é muito difícil competir com cultura de massa, revista de fofoca, resumo de novela... e, sobretudo, com a própria internet.

Esta porta está se fechando... Não sei mais o que dizer...
Estou desolada... mesmo.
Com certeza não esquecerei de comprar essa edição amanhã.

--- Em: 03/08

A Juliana Maués me enviou um email com esse link {aqui}, falando melhor sobre o tema. Sim, houve um pronunciamento no dia 01/08. O texto não informa exatamente onde e como foi dado o comunicado pelo presidente da Abril, mas esclarece melhor o fim das revistas...
Ainda assim, eu sinto falra de ler uma carta aos leitores, um aviso no site, qualquer coisinha assim direcionada ao público das revistas... =/

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Autografei...

.... o livro organizado pela Cleonice Berardinelli, a vovózinha mais simpática do mundo dos estudos em literatura. 
Essa dona é a professora que mais entende de literatura portuguesa e tem uma vasta bibliografia a respeito. Além de ser a responsável pelo livro recém lançado pela editorada Casa da Palavra, intitulado "Cinco Séculos de Sonetos Portugueses: de Camões a Fernando Pessoa", a mesma vovózinha simpática participou da edição de "Mensagem", do Fernando Pessoa, e compilou  os principais autos de Gil Vicente. 
Para quem gosta, estuda ou pretende mergulhar na literatura portuguesa, vale lembrar esse nome, extremamente relevante, pois se trata de alguém especialista no assunto.

 

O bacana desse último livro que ela organizou é justamente o panorama que ele traz da produção do soneto na literatura portuguesa. Desde nomes óbvios do século XVI como Camões, até nomes mais consagrados pela prosa do que pela poesia, por exemplo, José Saramago (século XX). É um livro um tanto "didático": serve como apresentação cronológica do gênero, como espécie de guia para os curiosos e fonte de pesquisa histórica sobre a produção literária de Portugal...

Ah! Um coisa interessante... conversando com um colega sobre esse livro, descobri um autor, o Carlos Oliveira, de cujos poemas foram destacados apenas dois. Trata-se de um poeta português, mas nascido mesmo em Belém, lá no Pará. { ÉGUA! }