quinta-feira, 11 de julho de 2013

Por que ser estruturalista



a child crying, diane arbus
pessoa aqui, o eu que escreve, está ficando maluca. 
Desisti de não levantar bandeiras acadêmicas, de me afastar de correntes, de visar as novidades teóricas, etc, etc, etc... 
Definitivamente, essa minha preguiça pelas coisas que considero banais só tem me feito sofrer.
Método? Historicidade, periodização - métodos? ISMOs, doutrinas... tão abomináveis quanto interessante. Mas e aí, Mariana?
Tomei uma decisão, afinal tudo o que eu renego bate na minha cara... e todas as coisas pelas quais tento me interessar, na verdade não me interessam. E se não me convencem a ser isso ou aquilo, eu vou focar na perspectiva que sempre me abraçou. 
Já perdi muito tempo minha gente! Então, como boa maluca e libriana desequilibrada, fiz uma "lista" com o porquê de finalmente me assumir estruturalista. Lá vai... simbora, sem pré-conceitos teóricos!

Caminhando pelo óbvio, resumão, a grosso modo e por aí vou:

as humanidades se constituem de estruturas: acredito que a arte, a cultura, o homem em si e em sociedade, além dos etcs (e poréns), surgem de conceitos organizados sistematicamente, como um se tudo fosse um organismo mesmo, um "todo" que surge a partir de uma ordem, ordenação, organização [e outras variantes sinônimas que indicam que partes desse "todo" exercem funções, agem e agem sobre ele, em formação]
se é assim, os fenômenos humanos não surgem do nada, zero, vazio.  nem aleatoriamente, nem do acaso! o bendito ser humano observa o mundo (os fenômenos e blá blá) e reflete sobre ele por meio de associações, dessas constituem-se nossa memória, o aprendizado, o conhecimento, a criação (sempre híbrida porque nunca há o 0, e sempre há a combinatória/somatória das partes)
entonces, sempre há uma espécie de base de análise, algo como um modelo, padrão, que é descrito [e não normatizado] pelas estruturas que o mesmo indivíduo observa no mundo, apenas como EXEMPLO para os fins da análise em questão. Ok. Não se elaboram esses padrões, visto que são exemplos e extrações de uma ordem já existente. Então, reforçando, são estruturas descritivas de si mesmas. 
Já que é isso, as tais "partes" analisadas do mundo [sistemas teóricos, fenômenos, e o diabo a quatro] não podem ser entendidos isoladamente. Há sempre uma referência, uma relação, uma correspondência com os demais pares antagônicos que formam o todo.
[Considerando-se a narrativa, acredito existir o eixo sintagmático e o paradigmático, no qual fatos são enredados em frases e parágrafos que delineiam por oposição  a outros a ação narrativa, do mesmo modo em que são associados à memória e não são aleatórios. A ordem e a disposição do enredado (através da “câmera" do narrador), parte de uma escolha estética estruturalizante da obra]
[no mundo Real, as ações se ordenam segundo o tempo cronológico convencional, no mundo Ficcional, as ações se ordenam segundo uma estrutura subjacente, relativa a intuição do artista e o ato de expressá-la - fundamentada numa outra ordem, uma perspectiva não-histórica em que os elementos narrativos são solidários entre si em sentido literário e não extra-literário, miméticos ]
por que amar o estruturalismo? bom, qualquer outra abordagem há de considerar esse viés estruturalista de análise, ainda que seja para negá-lo, pois o processo de descrição ou identificação de estruturas, partes e todos, estão imanente em toda análise, natureza, categoria. 

as coisas só “são" ou “existem" a partir de uma autoridade organizacional em que algo é porque não é, algo é parte porque há um todo, algo é por apropriação, transformação, sugerindo sempre um referente estrutural de ordem [que não é normativa, repitooooo].
[do ponto de vista da arte (literatura - prosa e poesia), qualquer outra abordagem que não seja de caráter estruturalista será pautada numa análise extraliterária, estando perdida em inflexões históricas, sociológicas, psicanalíticas, filosóficas - exponenciais. O lance é se deter a principio e sempre no modo de articular a linguagem e as relações estabelecidas serão entendidas assim ]

UFA!

Um comentário:

Felipe disse...

O estruturalismo parece tão místico.