segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Arte: livros-objetos e livros-imagem

Acho que é de conhecimento de todos que o mercado editorial está direcionado a divertir as crianças com livros-objetos... barulhentos, coloridos, permeáveis, desmontáveis... um monte de treco! sim, livros-trecos que depois de uma semana se entulham, quebram... e histórias pouco contam.

Mas eis que, por outro lado, os livros infantis tem maior pré-disposição a se tornarem objetos de arte. É inegável!  O mundo da literatura para crianças também comprova que nem tudo na vida, relacionado ao prazer, deve estar atrelado à diversão...

Imagens saltam das páginas em delicadas dobraduras de papel, com sofisticada "tecnologia" 3d. Saindo da linha livro-brinquedo, as dimensões em papel fazem parte do mundo da literatura infantil com ilustrações originais e extremamente belas, com imagens móveis surgidas literalmente das páginas de um livro.

É o exemplo da adaptação em quadrinhos em versão pop up de Moby Dick, publicada pela Publifolha. Sem questionar o valor literário da edição, podemos dizer que este livro é sim um objeto de arte.


Outros exemplos também encontramos em livros que nos permitem manipular a história, fazendo-nos intergir com as mãos, como nos livros de Janet e Allan Ahlberg, lançados pela Cia das Letrinhas, "O Carteiro Chegou" e "O Natal do Carteiro". Encontrei na internet um blog (veja aqui) com um relato bem legal sobre a experiência de leitura desse último livro. Tirei de lá essas imagens:

 

E não é apenas a experiência manual de leitura que identifica a verdadeira preocupação com a estética do livro-objeto. O design gráfico dos livros, o tipo de papel, a costura, tudo tende a ser mais elegante nas melhores edições de livros infantis... Casos em que a história é pouco interessante perto das ilustrações. Ilustrações que, se por um lado limitam o exercício da imaginação, por outro são um aprazível encanto visual de cores e traçados, verdadeiros "quadros" e pinturas de arte, dignos de serem emoldurados...

Minha última descoberta, quero dizer "a preferida", foi a ilustradora Suzy Lee (veja a trilogia sem palavras: "Onda", "Espelho", "Sombra" aqui)... uma sul-coreana cujos desenhos são fascinantes e constroem uma narrativa poética que nos permite experimentar o livro como imagem, puramente... num lirismo que (con)figura a simplicidade e a riqueza num jogo de cores e sentidos, num contraponto entre as páginas da esquerda e da direita e também entre nós leitores (leitores?) e a menina-personagem que nos encanta.
É apaixonante!

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