quarta-feira, 31 de julho de 2013

Lançamentos do 2º semestre e breves comentários de leituras

Procurei no histórico, mas tem tanta, taaaaaaanta página, que foi impossível reencontrar o site ou o vídeo em que obtive as seguintes notícias que me interessam sobre lançamentos para o 2º semestre de 2013:
  • em setembro será lançada pela CosacNaify a Antologia de Literatura Fantástica, de Jorge Luis Borges,  Adolfo Bioy Casares e também de Silvina Ocampo. Até então só teríamos acesso a edições em espanhol. Espero que a editora capriche e faça aquela promoção de 50%, hahaha!
  • Bernardo Carvalho lançará um livro mais chocante que Nove Noites. O que será que vem por aí?

Além desses dois, outros lançamentos estão previstos e me deixaram empolgada. Por enquanto cito os livros da Cia das Letras (ver mais aqui):
  • Uma vida em cartas, George Orwell
  • Dever, Armando Freitas Filho
  • Coletânea de prosa de Elizabeth Bishop
  • Dois irmãos, adaptação em quadrinhos por Gabriel Bá e Fábio Moon { estou extremamente curiosa, e consta como "sem data".  Provavelmente restará para 2014 }

Fora esses lembretes sobre livros futuros, tem uma pequena e nobre pilha que aguarda espaço (de tempo) para ser resenhada no blog, ou comentada. Além dos rascunhos que estou relendo e reescrevendo para finalmente publicar por aqui... 

Ah! Chegaram os livros que comprei na promô da Cosac. Nessa comprinha, adquiri mais um da gaúcha Veronica Stigger, o Grand Cabaret Demenzial. Edição bem bacana e instigante. Pela folheada, acho que ela aprimora o humor e a diagramação do livro corresponde. 

Também chegou aquele livro que estava na lista de desejos: Celular - 13 histórias à maneira antiga. Já li os primeiros contos e gostei. O Ingo Schulze parece trazer para a atualidade literária essa necessidade de um efeito moral ao final da narrativa, mas é engraçado isso no texto dele, porque a reflexão surge de uma história que parece sem porquês. "À maneira antiga" me sugere bem esse aspecto, um resgate da áurea desse poder significativo e mágico de narrar, a partir de um olhar sobre as experiências tidas como sem importância... 

E sobre o empréstimo do livro do Borges, ele está por aqui... mas como todo texto borgeano, este também merece pesquisa... então não pode ser leitura de ônibus... viva o Google!:

Abtu e Anet
Vijay Stambha
Torre de la Victoria, Chittorgarh Fort, India

domingo, 28 de julho de 2013

RJ 2013 me remete a um livro do Orwell

Os últimos grandes acontecimentos da cidade me remetem ao livro "Revolução dos Bichos". Tanto a narrativa literária, quanto os fatos demonstram o quanto o povo não pensa por si mesmo

Resumo da história de Orwell:

Em uma fazenda da Inglaterra (Granja Solar), os animais trabalham exaustivamente e por não se sentirem recompensados, sonham com uma grande revolução que defenda a auto-governabilidade e a igualdade entre os animais. Quando o dono da fazenda se descuida da alimentação dos bichos, os animais se libertam e se apropriam da fazenda, instaurando uma nova ordem que preza pelo sistema cooperativista. A sonhada revolução acontece... e várias "regrinhas" são criadas, como por exemplo: qualquer coisa que ande sobre duas perna é inimigo e qualquer coisa que ande sobre quatro pernas (ou tenha asa) é amigo... Mas as consequências dessa nova ordem não são como foram idealizadas...

Há três suínos importantes nessa história:
Major é o porco mais velho, responsável por reunir os animais todos e incitar os princípios originais da revolução. 
Bola-de-Neve é aquele que tem a ideia de construir um moinho de vento, visando a prosperidade da Granja Solar e a melhoria da qualidade de vida de todos os bichos,  mas que, no entanto, desaparece durante a narrativa.
O terceiro é Napoleão, eleito líder dos animais, sendo o porco que se apropria da ideia do moinho de vento e traz informações acusatórias e críticas contra a imaginação e o idealismo de Bola-de-Neve.
Na história de Orwell os porcos são considerados os animais mais inteligentes e passam a usufruir de alguns privilégios que acabam desestruturando o regime de igualdade proposto inicialmente. É a partir de então que uma nova forma de opressão ocorre na Granja Solar, e a estratificação social entre os bichos se instala: alguns dos animais que eram oprimidos tornam-se os opressores da vez.


 {Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros}. 

Ok. Mas e aí, Mariana? O que isso tem a ver com o Rio 2013?
Ora, se pela alegoria tu ainda não entendestes, eu te digo mais algumas coisinhas:
Primeiro, o livro foi escrito em 1945 e é uma sátira à ditadura stalinista, como uma espécie de retrato análogo e nada sutil das situações que ocorriam na União Soviética, tais como: assassinatos sem explicação, exílios e a distorção da memória histórica... Dessa forma, Stálin = porco Napoleão e Trotski = porco Bola-de-Neve.
Eu mesma não entendo muito de história geral e tive que pesquisar a respeito quando li o livro há muito tempo atrás, mas abre parênteses: não são necessários esses dados históricos para entender a narrativa, tá?, fecha parênteses. 

Segunda informação: o livro segue como uma eterna releitura do mundo, pois essa narrativa sempre se demonstra atual e pode ser compreendida em qualquer sociedade como uma produção metafórica e crítica a respeito dos mecanismos de poder que, de alguma forma, trazem a tirania e a dissipação dos ideais de igualdade.

Logo,
o que ocorre no Rio de Janeiro (e nos demais estados brasileiros também) é uma sede de revolução daqueles que estão cansados da exploração. Essa sede reforça a visão pessimista sobre a política atual (ou politicagem - para soar mais negativamente). Os cidadãos estão exaustos dessa submissão a um poder que não nos representa (governo, prefeitura, presidência e por aí vai...) Alguns de nós, os políticos, tomam posse de cargos em nosso nome, mas ao se apropriarem desse poder adquirem mais privilégios e se toram "mais iguais" que nós, os outros. E aí transforam, a sua maneira, as "regrinhas" estabelecidas, fazendo acordos com empresários e instaurando modificações na sociedade de maneira arbitrária em defesa de interesses próprios.

Quase na mesma medida e a respeito da manifestação contra o aumento da passagem dos transportes públicos, o movimento "revolucionário" que era apartidário, que prezava pela igualdade de todos a partir dessa causa comum (os R$0,20), tornou-se alvo de novas formas de opressão: 
a tirania dos que tentam exilar as bandeiras partidárias; 
os movimentos políticos que insistem em organizar a manifestação com base em ideologias próprias e de oposição ao governo, desqualificando o povo / a massa / o Brasil que acordou; 
e a opressão também dos já identificados como autoritários que, por tradição, defendem os direitos apenas da elite e excluem os cidadãos que fazem parte do que chamo de povo, considerando-os os menos iguais.

Nesse meio tempo, assistimos vááááááárias formas de manipulação que funcionam tal qual os slogans repetitivos pelas ovelhas da história de Orwell. Isto é, discursos e mais discursos são mediados (sobretudo pela TV: Arnaldo Jabor + discurso do Pelé) e repetidos incansavelmente. Parte do povo, da classe trabalhadora e não escolarizada, não sabe o que está nas entrelinhas desses discursos... e continua vendendo cerveja no meio do evento, porque identifica aí mais uma oportunidade de tirar um dinheirinho para o seu sustento.
OPS! Ao invés de "evento", eu quis dizer manifestação contra o aumento da passagem... que... PERA LÁ, mas não já diminuiu??? Er... mas a massa vai à rua assim mesmo reivindicar... o que mesmo? Ah tá: #corrupção #sem-violência #vemprarua

E agora... Sacou? Então repete comigo: sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor...zzzzzzzzzzzz..
MÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ...
OBSERVAÇÃO: esse texto foi escrito em junho, após presentar minha roommate com um exemplar da obra, editado pela Cia das Letras. Ao converter o rascunho, decidi publicá-lo na data de hoje mesmo, pois no contexto atual do RJ 2013 eu acrescentaria também os eventos da JMJ (= mais uma lavagem cerebral, mais uma forma de tirania hipócrita)
Não aguento mais músicas religiosas repetidas inúmeras vezes como se fossem hino de torcida, ainda que na repetição os cantantes alterem o ritmo para o funk... Além do mais, a cidade está parada em função do evento, impedido a circulação das pessoas por diversas áreas. Praticamente obrigando os transeuntes a se depararem com o Papa. E tem mais: é feriado, mas a livreira aqui trabalha e precisa chegar na hora...  Se liga, minha gente!
IDE E FAZEI DISCÍPULOS ENTRE TODAS AS NAÇÕES
o Papa é BOPE!?

sexta-feira, 19 de julho de 2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

Estou curiosa para ler esses livros :

Para cima e não para norte, Ed. Leya - porque depois de sair de Belém, tudo o que tem "norte" me chama atenção, rs, além do mais a história é sobre um homem plano que vive em duas dimensões!

Celular - 13 histórias à maneira antiga, Ed. CosacNaify - porque são contos, é um autor que eu desconheço e são histórias sobre pessoas tentando lidar com o cotidiano... puff.. além do mais estava em promoção no site e eu comprei! Dessa lista, provavelmente será o primeiro a ser lido, furando a fila.

Livro amarelo do Terminal, Ed. CosacNaify - apesar de ser um tema que não me chamaria atenção, a narrativa parece nonsense, a capa é bonita e o papel do livro lembra aquele usado nas páginas amarelas de lista telefônica.

Livro dos seres imaginários, Ed. Companhia das Letras - não lembro exatamente o que me inspirou a ler esse livro do Borges. Li alguns contos em pdf e Ficções recentemente.. e já planejo ler o Aleph. Ler Borges me deixa em crise literária. Então, volto a repetir... não sei porque coloquei esse livro na lista. Provavelmente tinha um motivo digno do esquecimento, por isso a necessidade de listá-lo. Mas, como descobri que minha "roommate" tem, então é outro livro que deve furar a fila também...

As cidades invisíveis, Ed. Companhia das Letras - então... ainda tô esperando ganhá-lo de presente de uma amigo meu: zzzzzzzzzz. Engraçado é que eu peguei ele na livraria, comecei a ler e larguei, porque tinha outras leituras pendentes... e agora fiquei nessa de esperar o bendito prometido, então ainda não li.

Trilogia Millenium, Ed. Companhia das Letras - Tá há muito tempo na lista por causa de uma indicação interessante em algum blog, maaaas... se eu não ganhar ou se eu não me deparar com esse livro aberto na minha frente, com certeza não vou ler. Trilogia... zzzzz... =/

Stella Manhatan, Ed. Rocco - tá escrito "procurar em sebo" e "'90"

Não aguento mais escrever em papeis avulsos e perder a listinha. Por que não tive antes essa ideia de publicar no blog? Esse espacinho está sendo cada dia mais útil e amado.
Risquei os que tenho disponíveis pra ler. Falta só chegar a encomenda da Cosac (confirmou meu pagamento hoje, eee!) e solicitar o empréstimo do outro. Os demais... alguém??

domingo, 14 de julho de 2013

Barbaridade

Sábado, dia de atualizar o blog, publicar os vários "rascunhos" deixados "pra-lá"... e dormir com essa:
O mundo vai mudar com os bons exemplos e não com as negativas opiniões...
E mais:

1. aguardando minha dívida, er.. digo: minha compra chegar! Aproveitei os 60% de desconto da Cosac e depois de fazer três pedidos diferentes, paguei por um desses pedidos. Librianas são assim: indecisas e analisam o custo benefício até mesmo daquilo que mais querem.

2. queijo ricota não derrete e fica ótimo na frigideira.

3. eu deveria abrir um novo tópico, "culinária" ou "comidinhas"... olha essa foto:

hmmmmm ... nhami nhami  =9


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Por que ser estruturalista



a child crying, diane arbus
pessoa aqui, o eu que escreve, está ficando maluca. 
Desisti de não levantar bandeiras acadêmicas, de me afastar de correntes, de visar as novidades teóricas, etc, etc, etc... 
Definitivamente, essa minha preguiça pelas coisas que considero banais só tem me feito sofrer.
Método? Historicidade, periodização - métodos? ISMOs, doutrinas... tão abomináveis quanto interessante. Mas e aí, Mariana?
Tomei uma decisão, afinal tudo o que eu renego bate na minha cara... e todas as coisas pelas quais tento me interessar, na verdade não me interessam. E se não me convencem a ser isso ou aquilo, eu vou focar na perspectiva que sempre me abraçou. 
Já perdi muito tempo minha gente! Então, como boa maluca e libriana desequilibrada, fiz uma "lista" com o porquê de finalmente me assumir estruturalista. Lá vai... simbora, sem pré-conceitos teóricos!

Caminhando pelo óbvio, resumão, a grosso modo e por aí vou:

as humanidades se constituem de estruturas: acredito que a arte, a cultura, o homem em si e em sociedade, além dos etcs (e poréns), surgem de conceitos organizados sistematicamente, como um se tudo fosse um organismo mesmo, um "todo" que surge a partir de uma ordem, ordenação, organização [e outras variantes sinônimas que indicam que partes desse "todo" exercem funções, agem e agem sobre ele, em formação]
se é assim, os fenômenos humanos não surgem do nada, zero, vazio.  nem aleatoriamente, nem do acaso! o bendito ser humano observa o mundo (os fenômenos e blá blá) e reflete sobre ele por meio de associações, dessas constituem-se nossa memória, o aprendizado, o conhecimento, a criação (sempre híbrida porque nunca há o 0, e sempre há a combinatória/somatória das partes)
entonces, sempre há uma espécie de base de análise, algo como um modelo, padrão, que é descrito [e não normatizado] pelas estruturas que o mesmo indivíduo observa no mundo, apenas como EXEMPLO para os fins da análise em questão. Ok. Não se elaboram esses padrões, visto que são exemplos e extrações de uma ordem já existente. Então, reforçando, são estruturas descritivas de si mesmas. 
Já que é isso, as tais "partes" analisadas do mundo [sistemas teóricos, fenômenos, e o diabo a quatro] não podem ser entendidos isoladamente. Há sempre uma referência, uma relação, uma correspondência com os demais pares antagônicos que formam o todo.
[Considerando-se a narrativa, acredito existir o eixo sintagmático e o paradigmático, no qual fatos são enredados em frases e parágrafos que delineiam por oposição  a outros a ação narrativa, do mesmo modo em que são associados à memória e não são aleatórios. A ordem e a disposição do enredado (através da “câmera" do narrador), parte de uma escolha estética estruturalizante da obra]
[no mundo Real, as ações se ordenam segundo o tempo cronológico convencional, no mundo Ficcional, as ações se ordenam segundo uma estrutura subjacente, relativa a intuição do artista e o ato de expressá-la - fundamentada numa outra ordem, uma perspectiva não-histórica em que os elementos narrativos são solidários entre si em sentido literário e não extra-literário, miméticos ]
por que amar o estruturalismo? bom, qualquer outra abordagem há de considerar esse viés estruturalista de análise, ainda que seja para negá-lo, pois o processo de descrição ou identificação de estruturas, partes e todos, estão imanente em toda análise, natureza, categoria. 

as coisas só “são" ou “existem" a partir de uma autoridade organizacional em que algo é porque não é, algo é parte porque há um todo, algo é por apropriação, transformação, sugerindo sempre um referente estrutural de ordem [que não é normativa, repitooooo].
[do ponto de vista da arte (literatura - prosa e poesia), qualquer outra abordagem que não seja de caráter estruturalista será pautada numa análise extraliterária, estando perdida em inflexões históricas, sociológicas, psicanalíticas, filosóficas - exponenciais. O lance é se deter a principio e sempre no modo de articular a linguagem e as relações estabelecidas serão entendidas assim ]

UFA!

terça-feira, 2 de julho de 2013

Infantis recém chegados à livraria, editora SM

A editora SM lançou grandes livros (livros grandes) em textos adaptados. Ainda não os li, mas me impressionou muito a proposta de lançar Gargântua. Estou realmente curiosa... Até porque eu sinceramente não conhecia a história até pouco tempo, e quando tive contato me pareceu algo que jamais seria relacionado ao mundo infantil, porque o original tem conteúdo considerado obsceno, impróprio e por aí vai. É a típica história censurada ou que gera polêmica. 
Conheci através de um livro do Bakhtin "A cultura popular da Idade Média", livro relacionado a estudos sobre cultura cômica popular. Nele, eram descritas cenas de vocabulário bem grosseiro, escatológico, abjeto. Logo, meus olhinhos brilharam. Acho o Bakhtin um chato, mas não da pra negar que ele saca umas coisas bem interessantes. Enfim, publicaram para crianças literatura de realismo grotesco. PRECISO LER ISSO.


Outra feliz novidade é "A máquina do poeta", uma confidência do Drummond para o Mário de Andrade a respeito da sua crise com a escrita... O poeta confessando acreditar que não nascera para escrever.
O ilustrador Nelson Cruz consegue trabalhar com esse questionamento sempre inerente ao poeta Drummond, com ilustrações sombrias, soturnas, que revelam tristeza e o desconforto emocional. Uma bela homenagem às correspondências que Drummond trocava com Mário. 




Lembrou-me logo o poema que se inicia assim: "Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro, inquieto, vivo."
Acho que as imagens do Nelson Cruz conseguem retratar bem isso, essa crise e agonia poética, que se torna motivo de vários poemas do Drummond. São imagens que também são poesia, e que inundam uma vida inteira.