sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mostre-me a capa e te direi se deves ler




Os projetos "pockets" são sempre a tentação em relação à praticidade e ao bolso dos leitores. Aliado ao formato e ao custo, o grande catálogo de livros oferecidos - principalmente no que diz respeito aos clássicos - incentiva a busca pela possibilidade da compra fácil e acessível, pois o leitor pode encontrar vários livretos em qualquer banca de revista.
A ideia seria genial, se não fossem os senões.
O formato agrada aos leitores urbanos, que leem no ônibus, no metrô, em pé enquanto aguardam atendimento na fila do banco... Leitores consumidores práticos. Entretanto, os requintados e de apuro gráfico implicam com o quesito design, que inclui a diagramação, cor e tipo de papel utilizados, tamanho da letra e do espaçamento, além de outros elementos estéticos que visam ao livro objeto arte. Não interessa a eles se a página não rasga fácil...

As capas medíocres dos livros de bolso são e foram o primeiro alvo de artilharia da crítica refinada. Sendo simples, são pobres. Sendo elaboradas, são cafonas.
Nessa memória de quem relembra pouco os fatos, a Martin Claret parece ser a primeira grande publicadora de pockets, já com uma vasta leva de textos na coleção. E aí entram outros senões... mais perigosos que os apurados dissabores visuais e táteis das capas bregas.  A gravidade se estende quando não apenas a capa é feia, mas o texto é ruim ou é fruto de plágio.
Digitado no Google “Martin Claret Plágio”, 38.100 resultados apareceram. Inclusive uma matéria de 2012 informando a possibilidade de a editora sair do Cadastro Nacional de Livros.
Entre o vários links desabilitados, alguns vários blogs relatam inúmeras reclamações acerca das traduções errôneas, equivocadas e ilegais de tantas obras. Quantidades suficientes para retirar qualquer crédito de vantagem que a aquisição dos livros de bolso da MC possa vir a trazer.
Apesar dos problemas editorias, não se lê informações sobre a diminuição na venda desses “beneditinos” pockets. Ao contrário, a estabilidade se faz notória no crescente número de obras da coleção que se serve paralelamente à publicação de novos de selos que se consolidam no mercado de bolso. As estatísticas? Notam-se pela quantidade de livretos nas estantes das livrarias, de bancas de revistas e nas listas de materiais escolares.

De fato, traduções surgidas de um trabalho mesquinho geram sérios tormentos a leitores de qualquer espécie. Sentidos dúbios, estranhos vocábulos, sintaxe mal empregada, ausências de notas explicativas e outros afins ademais... percebidos ou não, há prejuízo na leitura.
De qualquer forma, considerados os textos brasileiros, não se vê tanto problema no consumo dos livros em questão, visto que o problema da tradução, pelo menos, não é um obstáculo. Assim, apenas avançar as páginas sem ilustrações e com pouco espaçamento entre as linhas seria o maior dos sofrimentos para os leitores que ainda se arriscariam no consumo barato e prático das capas horrendas...
Todavia, eis que surgem as edições revisadas de acordo com a nova ortografia vigente... e para o deleite dos estetas, capas beeeem mais bonitas. Fugidias do padrão rosa ocre fosco, as novas capas abandonam  seja lá o que a ironia da cor permitir...
Nova roupagem aprovada!