domingo, 21 de agosto de 2011

Sugestão de Leitura: O Cobrador, de Rubem Fonseca.

O Cobrador" reúne dez contos de Rubem Fonseca, autor que se confirma como um dos superlativos da prosa brasileira, desde a publicação "O Caso Morel". Nessa coletânea, Rubem Fonseca mantém uma linguagem objetiva e enérgica - própria de sua escrita, além de exprimir habilidade singular com uma forma narrativa curta e ágil. Sua temática envolve violência, crueldade e, de certa forma, patologia humana. Ao leitor resta a ansiedade na resolução dos enredos e um prazer fisiológico na leitura. 


Quando satisfaço meu ódio sou possuído por uma sensação de vitória, de euforia que me dá vontade de dançar — dou pequenos uivos, grunhidos, sons inarticulados, mais próximos da música do que da poesia, e meus pés deslizam pelo chão, meu corpo se move num ritmo feito de gingas e saltos, como um selvagem, ou um macaco.
Quem quiser mandar em mim pode querer, mas vai morrer. Estou querendo muito matar um figurão desses que mostram na televisão a sua cara paternal de velhaco bem-sucedido, uma pessoa de sangue engrossado por caviares e champãs. Come caviar/ teu dia vai chegar./ Estão me devendo uma garota de vinte anos, cheia de dentes e perfume. A moça do prédio de mármore? Entro e ela está me esperando, sentada na sala, quieta, imóvel, o cabelo muito preto, o rosto branco, parece uma fotografia. ( O Cobrador, p. 174-5)

sábado, 20 de agosto de 2011

Há muitas coisas bonitas que Renoir não enxergou

 
(Situação:) Belém, 15 minutos de atraso, CineEstação, amigos. 
(Cinegrafia:) Estrangeiros, línguas, legendas fragmentadas. O papel da Europa no século XXI. Questões políticas e culturais... (Objeção:) "É possível gostar de algo sem que possamos entendê-lo?".
Talvez aceitá-lo não conceitualmente, mas a partir de si mesmo, da forma como se mostra. Foi assim com Film Socialisme 
do Godard... “Coisas Como”, “Nossa Europa” e “Nossas Humanidades”. Tudo desorganizado em sua ordem. O que Godard quer me dizer?
Saí do cinema refletindo e numa frase impactante, penso: o verbo não é imagem. Mas qual é esse verdadeiro impacto? E que frase doida é essa, Mariana?
 Resultado de uma experiência em que as palavras são mínimas significações, em que a imagem se sobressai e se revela como pintura fotográfica e pronto. As palavras são "dizeres sobre" enquanto a imagem por si só já é o registro e assim se registra como.


Godard no fundo mostrou o poder do cinema, fazendo cinema.  Câmera mirando câmera. O diafragma, que é o olho, se fecha, capta... O poder da mais ínfima qualidade de imagem e da mais alta cor:
O cinema - ou a arte - permanece como a possibilidade de resistência última do sujeito, mesmo que este sujeito nos chegue aos cacos, aos estilhaços de quem imprime um mundo a voar diante dos olhos (ou, como um filme-pensamento, dentro da cabeça). A tela é uma só. O filme (no singular) é o último socialismo (no sentido político corriqueiro, mas também no "social" que lhe é radical) possível: o último momento de fé, de uma anulação silenciosa e ritualística no coletivo, mas ao mesmo tempo de um magnetismo absolutamente ativo entre dois olhares: a pessoa que olha pra tela e a tela que olha de volta. Godard, autocrítico de vocação, firma em Film Socialisme um pacto no qual os aforismos e os fragmentos categóricos se sabem apenas um possível começo de conversas. E, das conversas, algo de gigantesco pode surgir.
(fonte: http://www.revistacinetica.com.br/filmsocialisme.htm


Obs: rever esse filme vinte vezes.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um breve comentário sobre Psicose

Procuro um jeito para me concentrar e escrever com mais frequencia no blog, mas não encontro. Também não quero estar sempre justificando minha ausência por aqui, já que o propósito do blog é que eu tenha uma obrigação comigo mesma e não necessariamente com os bem vindos leitores e leitoras. E todos sabem o quanto obrigações são chatas.

Tenho um segundo texto e um terceiro em mente sobre o Hitchcock e a mostra no CCBB-RJ. Mas, sinceramente, já não tenho o mesmo pique para comentar porque muitas coisas aconteceram. No fundo, no fundo, sofro de indisciplina. Mas, só para não deixar assim tão vaga a minha experiência deixo aqui um video meu, gravado no Rio (RJ) e que fará parte do dossiê Hitchcock da APJCC, cuja vídeo-crítica sobre Pisicose foi gravada ontem em Belém (PA).

Falo a partir de duas pequenas cenas que considero importantes. E também a respeito de uma perspectiva que compara as personagens Marion (Psicose) e Melanie Daniels (Os Pássaros).

Contenha o riso,
rs